Crise Argentina:

Tempo de leitura: 12 min

Escrito por admin
em Julho 19, 2022

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Entenda tudo sobre a crise argentina

Parte 2-

No nosso último blog falamos sobre a crise argentina e como a Argentina está hoje e fizemos um resumo do que a levou a chegar nessa situação caótica que está hoje.

Mas aqui neste artigo de hoje vamos contar sobre o passado.

O que aconteceu há anos atrás, a verdadeira história que há anos vem sendo escrita e que agora está revelada através da crise e do caos que a Argentina está vivenciando.

Fique ligado!

As origens da crise argentina

A estabilidade econômica da Argentina começou a mudar com a Grande Depressão nos EUA, que afetou suas exportações. A instabilidade política levou a um golpe militar. Entre 1930 e 1983, foram 6 golpes de Estado, 5 dos quais resultaram em ditaduras. Uma essência foi mantida: o nacionalismo.

Sucessivamente, esses governos adotaram políticas protecionistas e de substituição de importações. O objetivo era tornar a Argentina autossuficiente.

Mas a troca das importações pelas produções locais trouxe consequências. As indústrias nacionais não eram competitivas. A população era forçada a pagar mais caro em produtos do próprio país e as indústrias eram impedidas de importar maquinário para aumentar e aprimorar a produtividade.

Em 1946, Juan Domingos Perón assumiu a presidência da Argentina e acrescentou o populismo ao nacionalismo. Perón quis compensar os problemas sociais argentinos aumentando os gastos públicos.

  • Perón foi semelhante a Getúlio Vargas em várias de suas ações.
  • Ele governou por sindicatos, instituiu direitos trabalhistas e aumentou amplamente as garantias aos trabalhadores. Os salários subiram 46% na década de 40.

Isso fez de Perón um líder aclamado. Mas o país entrou em uma espiral inflacionária e as pensões aumentadas pelo presidente chegaram a um total de 29% das riquezas produzidas na Argentina.

A experiência protecionista terminou oficialmente em 1976. Naquele ano, a junta militar comandada por Jorge Rafael Videla abriu um pouco a economia. Entretanto, as indústrias argentinas, acostumadas ao protecionismo, não conseguiram se manter diante da concorrência externa.

O governo teve que assumir as dívidas. Para fazer isso, imprimia mais dinheiro e gastava desmedidamente. As medidas populistas para aumentar os salários elevaram a inflação de preços, que chegou a 800% ao ano.

Em fevereiro de 1981, a taxa de inflação anual mais baixa era de 82%.

Em 1982, o endividamento argentino aumentou com a entrada do país na guerra das Ilhas Malvinas contra a Inglaterra.

Em dezembro de 1983, a ditadura militar terminou e Raúl Alfonsín foi eleito.

 

Os problemas econômicos no governo de Raúl Alfonsín

Raul Alfonsín assumiu a presidência e já no ano seguinte, 1984, a inflação chegou a 700%. Em 1985, o FMI (Fundo Monetário Internacional) e outras instituições de crédito bloquearam os novos créditos para o país. Era a falência argentina.

Foi neste cenário que o Ministro da Economia renunciou e Alfonsín foi à televisão anunciar um plano econômico para tentar conter a crise argentina.

 

Plano Austral

O Plano Austral consistia na criação de uma nova moeda para conter a alta inflação. A moeda chamada austral foi criada em 1985.

Isso foi feito com o governo congelando preços das tarifas públicas e da cesta básica e controlando rigidamente os salários do setor privado.

No início, os preços estavam sob controle e a popularidade de Alfonsín aumentou. A melhor fase registrou uma inflação anual de preços de 50%. Paralelamente, a impressão de dinheiro continuou. Quando os preços começaram a descongelar, todo o problema anterior voltou.

Grupos de interesse tiraram vantagem da instabilidade política para disputar o poder. O funcionalismo público nas províncias cresceu. Em La Rioja, por exemplo, o número de funcionários públicos passou de doze para mais de quarenta mil entre 1983 e 1989.

Os sindicatos controlados pelos peronistas também dificultaram o governo do país. Durante a presidência de Alfonsín, o país foi paralisado por 13 greves gerais e mais de mil outras paralisações. Todos os esforços de Alfonsín em direção à austeridade fracassaram, e a nova moeda, o austral, entrou em queda.

O governo Alfonsín não só contraiu dívidas com o FMI, mas também comprou dólares usando o austral. O primeiro empréstimo do FMI à Argentina ocorreu em 1959, e desde então o país já recorreu 21 vezes à entidade monetária.

A prática de imprimir dinheiro tornou-se recorrente na Argentina, tornando necessária a importação de cédulas, além do aumento da compra de papel para impressão. Isso levou a uma hiperinflação que chegou a 200% ao mês, em julho de 1989. Este mesmo ano foi encerrado com uma inflação de 5.000%.

Em maio de 1989, com uma inflação de 764%, o povo saiu às ruas em uma onda de saques e destruição. 14 pessoas morreram em confrontos com a polícia. No dia 29 de maio, o governo declarou estado de sítio por 30 dias, e a instabilidade política levou à renúncia de Raúl Alfonsín.

Cabia agora ao seu sucessor resolver os problemas.

 

Carlos Menem e a crise argentina

Em julho de 1989, Carlos Menem assumiu a presidência. O gasto público estava em 36% do PIB e o déficit orçamentário do governo era de 7,6% do PIB.

Para acabar com a hiperinflação, Menem recebeu autoridade para efetuar várias reformas econômicas. Por exemplo:

  • Descongelamento e liberdade de preços;
  • Abertura da economia ao comércio internacional;
  • Recebimento de investimentos estrangeiros e de fluxo de capitais;
  • Reorganização do sistema tributário;
  • Redução da burocracia;
  • Privatização de várias estatais (Entel, Aerolíneas Argentinas, Yacimientos Petrolíferos Fiscales, Gas del Estado, trechos rodoviários, canais de televisão e redes ferroviárias).

Várias privatizações foram realizadas às pressas. As consequências foram irregularidades, corrupção e favorecimentos. Em março de 1990, o valor da inflação atingiu 20.000% e o ano terminou com uma inflação de 1.344%.

Em 1991, a principal reforma monetária foi adotada quando Domingo de Cavallo era Ministro da Economia, desempenhando um papel fundamental na crise argentina.

 

O regime de conversibilidade do Currency Board

Outra reforma monetária foi elaborada. O Banco Central argentino passou a funcionar como se fosse um Currency Board, que é um arranjo cuja função é adotar uma âncora cambial.

Em outras palavras, a função do Currency Board é trocar a moeda nacional por uma moeda estrangeira a uma taxa fixa. A moeda estrangeira é a âncora e quando ela varia, a moeda nacional varia também, exatamente na mesma proporção.

Primeiro, o austral foi substituído pelo peso. A moeda âncora escolhida foi o dólar. Por lei, foi definido que cada peso valeria um dólar e cada dólar valeria um peso.

Este é um sistema monetário inteiramente passivo, sem a presença de um Banco Central ou políticas monetárias. O Currency Board não compra ativos nacionais, nem títulos do governo.

A base monetária do país passa a variar apenas de acordo com as reservas internacionais. Neste sistema, as moedas nacionais não são impressas à vontade, mas emitidas apenas de acordo com um valor equivalente em moeda estrangeira.

No caso argentino, a quantidade de pesos nunca poderia ultrapassar a quantidade de reservas em dólar, variando de acordo com a quantia de dólares que entravam ou saíam do país.

O dólar passou a ser aceito como moeda corrente. Os argentinos eram livres para fazer transações livremente em dólares e pesos, trocando um pelo outro.

Isso trouxe segurança aos investidores estrangeiros. A equivalência em dólar eliminava o medo da desvalorização da moeda nacional, o que traria prejuízo na hora de repatriar os lucros.

Com isso explicado, pode-se compreender o agravamento da crise argentina mesmo com as tentativas de recuperar a economia com reformas monetárias.

 

Consequências iniciais

O Banco Central e o governo argentino estavam seguindo a ortodoxia do Currency Board e imprimiam dinheiro estritamente de acordo com a variação na quantidade de reservas internacionais. Os déficits foram reduzidos.

As reservas internacionais somavam 3,81 bilhões de dólares no final de 1989 e foram para 17,93 bilhões até o final de 1994.

O efeito da política de abolição da inflação e de redução estatal levou à queda dos índices de pobreza. Em 1989 havia 47,3% de pessoas abaixo da linha da pobreza em Buenos Aires. Em 1994, o percentual era de 16,1%.

 

A descredibilidade do peso argentino

No dia 15 de junho, Cavallo anunciou que o governo adotaria um regime de câmbio preferencial para as exportações. Em 25 de junho, a lei que propunha o câmbio por uma variação de dólar e euro foi aprovada.

Esta atitude quebrou a confiança na garantia de que o regime de conversibilidade seria mantido. As taxas de juros para empréstimos feitos em peso dispararam. Os bancos esperavam a desvalorização do peso a qualquer momento.

Tanto o governo central como os governos das províncias passaram a não obter novos financiamentos dos bancos, que pressentiam um “calote”.

Em julho, três agências de classificação de risco reduziram a classificação da Argentina. Em outras palavras, elas informaram ao mercado internacional que investir na Argentina era muito arriscado.

As taxas de juros no mercado interbancário se aproximaram de 50% e o governo federal não conseguiu mais vender títulos de sua dívida no mercado internacional.

Incapaz de acessar o mercado de crédito, Cavallo anunciou o plano de déficit zero, incluindo aumento da alíquota sobre as transações financeiras e o arrecadamento mensal para o pagamento dos juros da dívida.

O que sobrasse seria usado para cobrir os gastos do governo.

Os salários e pensões do setor público foram reduzidos em 13%. Funcionários públicos do alto escalão passaram a ser pagos apenas com notas promissórias.

Assim, as greves eclodiram e a fuga de depósitos bancários continuava.

Em novembro, o governo apresentou um plano para um swap, isto é, adiar o pagamento e renegociar os termos da dívida que estava em 132 bilhões de dólares.

Temia-se a desvalorização iminente e o colapso do sistema bancário. Se o governo desse o calote na dívida, os bancos quebrariam. Por causa disso, os argentinos realizaram o segundo maior levantamento de saques bancários. Aproximadamente 3 bilhões de dólares foram retirados dos bancos, principalmente na última semana de novembro.

Como consequência, a liquidez do sistema financeiro desapareceu. Os juros do mercado interbancário chegaram a 689% em um dia. Para tentar resolver, o governo decidiu impor um limite ao valor máximo de juros do interbancário. O congelamento de preços foi crucial na crise argentina.

 

5 presidentes em 12 dias:

20 de dezembro de 2001

O presidente argentino Fernando de La Rúa renunciou ao cargo dois anos após ter sido eleito. Ele não pôde deixar a Casa Rosada de carro e precisou fugir dos manifestantes usando um helicóptero.

21 de dezembro de 2001

O vice-presidente Carlos Álvarez já havia se demitido em outubro. O peronista Ramón Puerta, presidente do Senado, tomou posse como presidente temporário.

22 de dezembro de 2001

Adolfo Rodríguez Saá foi escolhido pela Assembleia Legislativa como o novo presidente provisório.

30 de dezembro de 2001

Sem apoio político, Adolfo Rodríguez Saá renunciou ao cargo. O presidente do Senado, Ramón Puerta, assumiu novamente a presidência, mas por apenas 15 minutos. Ele também renunciou.

31 de dezembro de 2001

O peronista Eduardo Camaño, presidente da Câmara, assumiu como presidente interino da Argentina.

1º de janeiro de 2001

A Assembleia Legislativa escolheu o senador peronista Eduardo Duhalde como presidente da Argentina. Em 2 de janeiro de 2002, Eduardo Duhalde assumiu a presidência. Em sua posse, garantiu que o corralito seria revogado e que todo o dinheiro seria integralmente devolvido à população. (O corralito foi a medida em que todas as contas bancárias foram congeladas por 12 meses.)

Entretanto o corralito foi intensificado.

Em 6 de janeiro, o regime de conversibilidade foi oficialmente revogado. As operações de conversão monetária nas quais 1 peso equivalia a 1 dólar foram abolidas.

Sem a âncora cambial, o dólar disparou. No mercado negro, dólares foram vendidos acima de 3 pesos. Novamente, o governo arbitrariamente fixou uma nova taxa de câmbio: 1,40 peso por dólar.

Outra medida governamental foi a “pesificação” de todas as dívidas privadas de pessoas físicas e jurídicas. A taxa era de 1:1. Tudo deveria ser pago em pesos e não em dólares.

Para salvar os bancos, o governo assumiu parte da dívida. Mesmo assim, credores e poupadores foram dizimados. Em fevereiro, todos os depósitos feitos em dólar também foram “pesificados”.

 

O corralón

Todas as pessoas que depositaram dólares viram seu dinheiro ser confiscado pelo governo argentino. Tudo foi convertido em pesos, à taxa oficial de 1,40 pesos por dólar. Foi o corralón.

Em março, o governo também “pesificou” toda a dívida pública nacional, provincial e municipal, à taxa de 1,40 pesos por dólar. Deixou a taxa de câmbio flutuar mais livremente e, como consequência, o peso afundou. Em junho, a cotação do dólar alcançou 4 pesos.

A inflação dos preços após quase dez anos de estabilidade, alcançou 40%.

Os pobres estavam sem dinheiro e a classe média teve seu dinheiro desvalorizado e preso nos bancos.

Famílias que tinham poupado dinheiro uma vida inteira encontraram-se em uma situação em que pediam dinheiro para turistas na rua. Até mesmo a compra de itens básicos era difícil.

Milhares de destituídos e desempregados se tornaram cartoneros, catadores de papel. Entre 30 e 40 mil pessoas passaram a viver nas ruas de Buenos Aires em busca de material.

Em outubro de 2002, 54,3% da população estava abaixo da linha da pobreza em Buenos Aires. Nacionalmente, 57,5% estava nesta situação. O número de indigentes atingiu 27,5% e o desemprego chegou a 21,5%.

Hoje, a dívida externa total do país é de 311 bilhões de dólares, uma verdadeira bomba-relógio. Foram mais de 40 anos de crise econômica, sem sinais de melhoria à vista. Em 2020, a Argentina ainda estava congelando preços e anunciando a nacionalização de empresas.

Atualmente, o Banco Central ainda pode comprar títulos públicos e a inflação está acima de 50% ao ano.

A Argentina vive hoje seu pior momento na história!

Só o que podemos fazer é pedir a Deus que ajude nossa vizinha e torcer para que ela se levante e volte a ser a Argentina que um dia foi.

Até breve!

Fiquem ligados no nosso blog!

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